Em lote com frente para as ruas Amauri e Peruíbe, o duplo programa, familiar/de trabalho, é resolvido pela divisão do terreno de 10 x 20 m por uma diagonal, com acessos independentes para cada uso; a volumetria é piramidal, como se dela fosse extraída uma fatia, a seguir duplicada, rotacionada, espelhada e agregada (não faltando um cano de ventilação no ponto central, como se rótula fosse de toda essa operação); a inclinação da cobertura permite a disposição de mezaninos à maneira Citrohan. Além de a concepção geral ser inusitada, na medida em que usa elementos comuns, mas os subverte - na melhor tradição moderna -, todos os detalhes são repensados desde um raciocínio de base funcional, ou seja, reorganizados pelo que poderia ser seu melhor funcionamento e não pelos usos e costumes, empregando de preferência tecnologias não habituais na construção civil, mas correntes em outras áreas, como detalhes usualmente presentes na indústria automobilística.

Logo após construída, essa casa será objeto de uma série de experimentos de “desconstrução”: deixando a vegetação penetrar, alterando as cores, executando pinturas murais, eliminando móveis e “supérfluos”, em intervenções se aproximando cada vez mais do happening catártico, seguidas de uma irônica “volta à ordem” caracterizada pelo uso intensivo, homogêneo e obviamente irônico, de pintura de cor verde-oliva militar; seguindo-se uma fase de desconstrução “urbana”, com abertura do térreo para passagem pública entre as duas ruas lindeiras, ficando o escritório apenas nos mezaninos, demolição de alguns trechos e construção. (Peruíbe/Amauri - Transformações 1972-1974)

Mais conhecida e divulgado foi o passo seguinte, de construção, acima da cobertura, do experimento da “casa-bola”, que se propõe não apenas como solução isolada, mas como protótipo de solução repetível para habitação social – talvez, nem tão paradoxal assim quanto possa parecer.